Já falamos em texto anterior sobre os benefícios dos métodos alternativos de solução de disputas (Mediação, Conciliação, Negociação, Arbitragem), que trazem respostas rápidas, eficazes, econômicas e sigilosas (respeitam a privacidade e intimidade dos envolvidos).
Hoje falaremos dos benefícios de se valer dessas técnicas na solução de conflitos nas empresas familiares.
Empresas familiares são aquelas que, independentemente de seu tamanho (podem ser pequenas, médias, grande ou até multinacionais), surgiram a partir de um negócio idealizado e construído por um pai, mãe, avô ou outro membro familiar, e que teve continuidade ao longo dos anos, alcançando as próximas gerações da família. Têm como forte característica o fato de que seus pertencentes são membros da mesma família e que o patrimônio da empresa representa se não toda, quase que a totalidade da renda familiar.
São empresas geridas e administradas pelos membros dessa família, sendo variável o grau de profissionalização da gestão e a existência ou não de pessoas externas no corpo diretivo.
Sendo esse o cenário, é fácil perceber que no contexto empresarial familiar, os conflitos podem afetar tanto as relações pessoais (casamentos, divórcios, novos membros na família, educação dos filhos e netos, etc.), como também as do entorno empresarial (diferentes pontos de vista para a gestão e administração dos negócios da família, sobre investimentos, planos para o futuro, necessidade de novos profissionais, divisão de lucros e dividendos, etc.).
Em uma empresa familiar é quase inevitável que os conflitos, sejam de ordem pessoal, sejam de ordem empresarial, acabem por se misturar e afetar os relacionamentos entre os familiares, causando danos não só emocionais e psicológicos, como também patrimoniais.
Sabendo que a existência de conflitos e disputas é inevitável, por ser inerente ao convívio humano e uma consequência direta dos diferentes interesses de cada um, sentimentos, histórias, desejos e planos de cada membros desse núcleo empresarial familiar, é importante, especialmente no contexto das empresas familiares, que esses conflitos sejam trabalhados de forma personalizada e especializada, para que os interesses envolvidos sejam acomodados de forma a resultar num ambiente de paz e harmonia, e com o menor grau possível de interferência negativa na condução e no futuro dos negócios.
Para tanto, é altamente recomendado que essas famílias façam bom uso das técnicas alternativas de solução de conflitos, através de um profissional especializado, experiente, imparcial e isento, que poderá auxiliar os familiares e donos do negócio a alcançarem uma melhora significativa no diálogo e na convivência, para, com isso, acordarem sobre a melhor forma de resolver o tema em discussão. O mediador atua como um facilitador do diálogo, não interferindo propriamente nas decisões tomadas pelas partes, e nem dando decisões como se fosse um Árbitro ou um Juiz, mas criando um ambiente em que as próprias partes envolvidas construam e alcancem a solução para o conflito que vivem.
Trata-se de uma alternativa mais apropriada para gestão de conflitos de empresas familiares, tanto que a Mediação tem sido apontada como uma das técnicas alternativas de solução de conflitos mais adequada para tais empresas, sendo recomendada inclusive pelo IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) na intermediação de conflitos familiares empresariais, ou empresariais familiares.
Com efeito, a mediação é mesmo uma importante e poderosa ferramenta que as famílias empresárias precisam conhecer e se valer não só para solucionar eventuais desgastes, como também para organizar e implementar a Governança Corporativa que estrutura e organiza a gestão dos negócios, preservando o patrimônio e os laços familiares.
Camila Peixoto Olivetti Regina